digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

terça-feira, outubro 03, 2006

O menino gordo

Estou onde não tenho os dedos. Estou no sono profundo, onde me tocam as letras e vai mais funda a cabeça na almofada.
Estou além de mim e sempre estou aquém de todo o vento. Não chego a correr, porque não se corre sentado. Vivo sentado no medo para que o medo não se possa erguer. Esmago o medo com o meu peso de menino-monstro. Sou um monstro sentado. Serei sempre monstro, porque estarei sempre sentado. Tenho medo de me levantar.
Se o mundo olhar para mim fixamente, disfarço-me de mulher e dissolvo-me na banalidade. Deixo a minha imaginação disfarçar-se de coisa qualquer. Sobre mim voa toda a fantasia e deixo todo o mundo existir à minha volta. Deixo. Concedo à realidade o direito de existir.

1 comentário:

perdida em Faro disse...

"disfarço-me de mulher e dissolvo-me na banalidade" ...espero que isto não tenha uma relação directa de causa efeito...enquanto mulher, sentir-me-ia no mínimo...banalizada! EhEh. Adorei a parte em que qual figura divina deixas (autorizas) a existência da realidade! Nada melhor do que sermos os pequenos deuses do nosso pequeno mundo.