Estou onde não tenho os dedos. Estou no sono profundo, onde me tocam as letras e vai mais funda a cabeça na almofada.
Estou além de mim e sempre estou aquém de todo o vento. Não chego a correr, porque não se corre sentado. Vivo sentado no medo para que o medo não se possa erguer. Esmago o medo com o meu peso de menino-monstro. Sou um monstro sentado. Serei sempre monstro, porque estarei sempre sentado. Tenho medo de me levantar.
Se o mundo olhar para mim fixamente, disfarço-me de mulher e dissolvo-me na banalidade. Deixo a minha imaginação disfarçar-se de coisa qualquer. Sobre mim voa toda a fantasia e deixo todo o mundo existir à minha volta. Deixo. Concedo à realidade o direito de existir.
1 comentário:
"disfarço-me de mulher e dissolvo-me na banalidade" ...espero que isto não tenha uma relação directa de causa efeito...enquanto mulher, sentir-me-ia no mínimo...banalizada! EhEh. Adorei a parte em que qual figura divina deixas (autorizas) a existência da realidade! Nada melhor do que sermos os pequenos deuses do nosso pequeno mundo.
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