digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

domingo, agosto 20, 2006

Sem cabeça

Agora perdi a cabeça. Foi-se! Cortada pelo vento. Não me resta muito mais para ser. Sem olhos nem ouvidos nem nariz nem boca, o único sentido que tenho é o tacto. O coração está guardado e há-de continuar para que viva. A alma é ausente. E sem cabeça sou um corpo com consciência e sem sentidos. Desconheço, por isso, para onde vou, mas julgo saber para onde quero ir.
Perdi a cabeça e não me fazem grande falta os olhos, os ouvidos, o nariz e a boca. Para ser franco digo que não noto grande diferença. A cabeça foi-se com o vento, cansada de a deixar em toda a parte.
Agora perdi a cabeça e um dia talvez só reste eu, apenas eu e sem corpo. Talvez até sem alma. Quem sabe se não sou apenas palavras ou sussuros aglomerados?! Agora perdi a cabeça. Levou-a o vento. Um dia vou eu.

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