digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

domingo, agosto 20, 2006

Em pontas

Estou em pontas e aprendo a voar. Tenho cigarros acesos na carne e só me vêem a beleza e o sorriso.
Na vida quero estar na beira do mar com amores e um céu ameno. Quero esquecer-me do que fui antes de estar frente às ondas e quem eram os meus pais e irmãos. Não saber das dores nem dos pesadelos. Quero voar, ainda que possam ser pequenos os percursos. Mesmo que ninguém note o sorriso interior do gozo.
Na verdade estou em pontas e gostava de voar. A vida está-me cravada na vida. A vida é uma serpente de duas bocas que se traga a si própria e se engasga nas goelas. Ninguém vê o gozo que tenho ao ver a minha vida incendiar-se nem ninguém nota a minha dor em pontas. Sou só mais um na multidão de gente anónima, egoista, insensível e indiferente. Que importa afinal? Talvez os outros estejam em pontas e eu também não veja nem queira saber.

1 comentário:

Anónimo disse...

eras bailarino?