digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

terça-feira, agosto 08, 2006

A miúda-gata

Conheço uma miúda que é uma gata de cada cor ou variedade. Não é feroz e dá marradinhas e pulos de felídeo feliz.
A miúda tem uns olhos lindos de gata, misteriosos e límpidos, e muda a cor do pelo quando quer. Já a vi branca, preta, amarela, cinzenta-azulada, cinzenta-parda, padrão tartaruga, preta e branca, amarela e branca, cinzenta e branca, e outras cores inventadas que mais nenhum feliz silvestris consegue.
É esquiva como qualquer felino, mas dá-se comigo. É um prazer passar-lhe os dedos no pescoço para lhe accionar os ronrons ou mexer-lhe nas orelhas ou esticar-lhe os bigodes ou afagar-lhe redondamente a cabeça ou dar-lhe palmadinhas na parte recuada do dorso para que o levante ou massajar-lhe a barriga quando está descontraída.
Conheço uma miúda que é uma gata e tem a cor que quer, dá marradinhas felizes e dá-se comigo, talvez porque os seus olhos meigos não vejam ameça no fundo dos meus.

Sem comentários: