digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

quarta-feira, junho 21, 2006

Uma enorme confusão

Há uma enorme confusão, que mete sentimentos, substantivos comuns, história e até livros sagrados. Não sei ao certo como começou nem de quem é a culpa, mas sei que anda muita coisa errada. Sei até que tem de haver mais do que um culpado. Depois de se ler este pequeno texto vai perceber-se porquê.
Não sei por que haveria a Eva de tentar Adão com uma maçã se tinha as uvas. As uvas tentam muito mais do que a pomódea, por mais verde e perfumada que pudesse ser... ou mesmo que fosse de vermelho diabólico. Não tem sentido. Depois de espremida, massacrada e processada, da maçã faz-se sidra. Alguém compôs poemas de amor à sidra? Alguém jurou fidelidade a esta bebida? Quantas princesas por ela desmaiaram ou quantos poetas morreram com ela envenenados e enebriados?
Das uvas faz-se vinho. Não é preciso usar muitas palavras a argumentar. Mesmo que houvesse renitentes a teimar ainda na perversão da maçã, bastaria dizer: Champanhe, Vinho do Porto e Tokay. Três passos mágicos para desfazer qualquer argumento. Mas se a teimosia se tornar em má índole capaz de tornar uma discussão em algo de bravio, negando a abastança destes três pilares da razão, e se contra-argumentarem na genialidade do Calvados, então, desplicentemente, faz-se um sorriso com doçura e profere-se: Armagnac e Cognac.
Não! O fruto da tentação não foi a maçã, mas a uva!
Mais tarde, certamente mais tarde, alguém chamou ao maracujá de fruto da paixão. O que tem de apaixonante um fruto que se deixa domesticar em estufa? Só esse facto desmente a essência do cognome. Já para não falar do seu sabor... mas quanto a isso... respeita-se, aceita-se, embora se dicuta. Tudo se dicute nesta vida! Haverá algo mais sensual do que partilhar um cacho com a pessoa amada? Dois corpos deitados e um braço segurando os bagos... talvez cerejas, talvez morangos, nunca maracujá! Mas é das uvas que se faz o vinho, que liberta os corpos, solta as línguas, tenta os gestos, seduz as mentes... o fruto da paixão é a uva!
Uvas há as bravias, as de mesa, as de vinho, que são mais doces e pequenas. Tanto umas como outras têm muitos nomes, mais do que as variedades. Por mim, as do paraíso eram de vinho... porque dão para comer e delas se fazem bebidas da tentação. Tudo mais não sei. Sei que gosto de uvas.

16 comentários:

Anónimo disse...

E? Hoje é só a foto, não temos conversa?

João Barbosa disse...

comentário tolo... é o que dá não saber esperar

Anónimo disse...

Só há uma explicação lógica para o sucedido: a tentação ocorreu em plena época das chuvas, quando a casta ainda estava em processo de crescimento. Com o bago minúsculo e verde, entenda-se.

Se no Paraíso houvesse uma sucursal do supermercado El Corte Inglés, talvez Adão e Eva recorressem, aí sim, aos encantos do cacho. Mas não. Ficaram-se pela maçã. Era o que estava à mão.

A propósito: desde quando é que há vinho no mundo? Se já Cristo dizia que esse era o seu sangue, então quem se deu ao trabalho de arregaçar as calças, batendo forte e feio com os pés nos cachos?

A história deve estar mal contada. Não queres ajudar a resolver o enigma, João?

João Barbosa disse...

questões pertinentes...

Anónimo disse...

Realmente podia ter esperado...sorry! Gostei da teoria e estou completamente de acordo, é urgente alguém refazer a estória de Adão e Eva. Mas sabes, o fruto proibido é o mais apetecido...as uvas estavam ali mesmo á mão e a maçã é que lhes foi proibida, dai esta confusão toda, ainda para mais a Mulher é que ficou como má da fita.
Está mal, se comessem uvinhas eram felizes para sempre no paraíso.
eheheheh ;)

perdida em Faro disse...

Já pensaram que se calhar é uma associação de produtores ou defensores de maçãs? É que já o senhor que descobriu a gravidade (Newton)também foi com a maçã...

Anónimo disse...

Caro amigo, esqueceste-te de uma coisa importante no teu texto. Existe um Deus para o vinho (Baco), já para a maçã só mesmo a história de Adão e Eva. Seja como for é pertinente a discussão. Começas a escrever turquices, essa é que é essa.

Anónimo disse...

Há também a história da maçã envenenada da Branca de Neve, que faz adormecer a princesa num sono profundo...ou seja, só coisas negativas, o melhor mesmo é comer uvas, maracaté e kunami ;)

Anónimo disse...

o que estão a fazer os camarandás e os chulés dos gatos fedorentos aqui no blog? os tipos nem sequer têm graça

João Barbosa disse...

não sei quem és, mas concordo contigo acerca dos gatos

Anónimo disse...

Para quem gosta tanto de gatas, não sei porque embirras tantos com os gatos: Ah pois é!

João Barbosa disse...

é completamente diferente...

moonlover disse...

Envolvente este texto, deixa-nos mesmo a pensar no assunto!
Até Nova York é conhecida pela Big Apple!
Sem duvida nenhuma que as uvas são muito mais importantes por tudo o descrito, será mais uma questão para o Dan Brown investigar?
Mas existe uma maça que eu gosto muito,
que é a do meu computador ;)

João Barbosa disse...

Não se chama nada o Dan Brown, que ele é um intrujão! E para contar estórias estou cá eu e tu e os outros todos. Esse tal de Brown anda agora a plagiar uns livros sobre o sangue do Cristo, mas mesmo assim a coisa não tem ponta por onde se lhe pegue. Sabes, o Graal foi inventado mais de mil anos depois da morte de Cristo por um novelista chamado de Cretien de Troyes. Deixa lá estar o «artista» com «a» pequenino.

Folha de alface disse...

pois, então e a parra?

João Barbosa disse...

a parra é a prova de que havia parreiras no Paraíso! e onde foram logo pôr as folhas? hein?!