digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

terça-feira, junho 20, 2006

A minha tempestade

Uma tempestade só minha seria diferente de todas as outras tempestades. Teria ao mesmo tempo papoilas e orvalhos e joaninhas a combinar na cor das flores. Ao mesmo tempo uma atmosfera de azul fraquinho haveria de misturar-se com feixes de luz solar desmaiada de amarelo muito claro para criar uma estranha luz esverdeada. Nesse entretanto, umas nuvens correriam no céu, outras aquietar-se-iam e algumas desfazer-se-iam quasi geladas. Poderia haver relâmpagos, mas aconteceria um absurdo com mais trovões do que faíscas e estas aconteceriam apenas onde a terra se cobrisse de lavanda, para que o dourado do fogo melhor contrastasse com os lilases herbáceos. Um cheiro de terra molhado misturar-se-ia complicado e depressa com o da terra a molhar-se e com o da erva sempre fresca e com o das coisas onde a água não toca. Martas, corujas e formigas estariam secas e encharcadas e todas as árvores teriam folhas, menos aquelas que já as tivessem perdido. Os meus pés secos pertenceriam ao mesmo corpo dos ombros molhados e dos olhos felizes de espanto. Duraria todo um dia, enquanto houvesse luz para festejar, até ir para o quarto fazer amor contigo. Se eu pudesse, seria assim a minha tempestade.

7 comentários:

sa.ra disse...

bom dia alegria!

Antes da "tua tempestade", venho só cumprimentar-te e pedir-te desculpa... pelos visto não fui clara (acho que pode sempre acontecer, quando escrevemos... falta-nos ouvir, sentir o tom da voz, a expressão dos olhos...)...
bem... no meu comentário ao teu comentário... discorri... na realidade peguei no que escreveste e continuei a tua ideia... estava a sublinhá-a, porque é também a minha opinião! de todo discordo do que escreveste... nem, por algum momento, me ocorreu que estivesses a defender a violência... depois, querido amigo, também não sou budista... não é preciso ser, acho, para compreender, admirar e sobretudo inspirarmo-nos nessa filosofia!

portanto... :)... estamos, julgo a dizer o mesmo!

depois volto para ler a tua tempestade!

feliz solstício! hoje, com o Sol a pino, que o vigor e energia da vida e do amor te proporcionem um dia muito, muito feliz!
beijos!

João Barbosa disse...

bom dia de alegria para ti também. e beijinhos para ti, sa.ra

Anónimo disse...

Hoje começa o Verão, pára lá com as tempestades, senão estragas as férias a muita gente, incluindo eu.Ok?

moonlover disse...

É maravilhoso ler, quando um poeta está apaixonado, porque ele consegue por em palavras os sentimentos de tal maneira que as palavras ganham vida e sentimos-nos no quadro retratado...
Liiiiindo!

João Barbosa disse...

não estou apaixonado! ah pois não estou! gosto mesmo de tempestades. neste meu blog escrevo em abstracto, exercito escritas, comento fotografias, reescrevo criativamente textos de outros, etc. Estados de alma ponho no meu outro blog, no caderno. quando estiver apaixonado, a notícia vai surgir nesse blog. eheheheh!

Anónimo disse...

AHAHAHAHA...Eu também sou!

João Barbosa disse...

ai Gi, deves saber alguma coisa que eu não sei.