digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

quinta-feira, junho 08, 2006

Bago

Eu queria escrever sobre uma coisa, mas fui censurado pela vida... ou pelas oportunidades dela. Houve um tempo em que decidi tornar-me ladrão de imagens e daí não me movo e quase não passa dia em que não roube uma coisita e escreva sobre ela ou que a ponha a ilustrar palavras minhas.
Hoje queria escrever sobre bagos e comparar as letras e as palavras a sementes e desejar que um vento as levasse para que pudessem frutificar algures e emprenhar noutras cabeças algumas ideias. Aí a vida censurou-me: O meu objectivo era vermelho e sumarento. Pensei em bagos e nasceu-me uma romanzeira de lindos frutos difíceis de usufruir. Até na internet são complicados, pois tudo quanto encontrei não me saciou, porque não teve encanto diante dos olhos. Pesquisei nas línguas que sei e, através de maroscas, noutras que desconheço. Paciência, procuraria por bago. Simplesmente por bago.
Hoje queria escrever sobre bagos e compará-los a letras, palavras e ideias. Gostava que além de olhos, dedos, leitores e mirones passassem ventos pelo meu blog e levassem o que para aqui há para outras cabeças e lugares. Poderia ser que frutificassem e emprenhassem ideias que se vissem e dessem debates e mais textos e poesias e prosas e trocas de textos e criações em despique. Gostava. Pesquisei por bago, mas a vida censurou-me novamente. Nada me deu de prazenteiro até que...
Até que me deparei com esta foto de gansos selvagens a voar. O que têm estes gansos a ver com bagos? Comem-nos, provavelmente. E então? Não sei o que escrever sobre eles e já não quero dissertar sobre os bagos nem sobre as ideias nem despiques criativos nem cadáveres-esquisitos entre blogues. O vôo é bonito e basta-me. Se todas as censuras fossem assim!... Devemos procurar sem cessar o que queremos, mas também aceitar com um sorriso aquilo que a vida nos dá. Digo isto de mim para comigo... Digo-o muitas vezes, porque não fui bafejado pelo dom da resignação.

2 comentários:

Anónimo disse...

Todo o texto é lindo, mas o último paragrafo é arrebatador e muito verdadeiro...apesar do "cliché".
A verdade é que somos uns previligiados...devemos pois sorrir à vida ;)

moonlover disse...

Que ideia fantástica a de associar as palavras a sementes, porque é isso mesmo que se passa aqui na net, passamos por sementeiras de palavras que germinam em nós ao nos influenciar! busco constantemente fotos para ilustrar os poemas que me dizem algo, com que eu me identifico, etc.
E ao encontrar blogs, como o teu, inspiram-me a escrever,(apesar de não ter jeito nenhum), por isso uso as escritas dos poetas.
Parabens pela tua escrita...
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