digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

quarta-feira, maio 10, 2006

Xadrez

Andar a brincar ao xadrez. Saltar as casas brancas. Saltar as casas pretas. Como-te a torre, ameaças-me com o cavalo ou com o bispo. - Xeque!
- Ai!... Que me morro... Ai! Que me matas! Quem és tu?
Andar a brincar ao xadrez e largar enigmas num tabuleiro de ébano e marfim à espera de decifração é um jogo maldoso. Quem és tu?
- Xeque!
- Mas não é mate. Tenho escapatória. Não sei se quero. Quero saber. Diz-me. Diz-me quem és. Deixa mais um recado no tabuleiro. Queres que jogue o teu jogo e eu jogo. Jogo, embora deteste charadas. Faço-te essa vontade, porque este meu lugar é público. Aqui dou-me. Se sou de todos, sou de ti também. Vamos jogar. Diz-me quem és.
- Xeque.
- Fujo com o Rei e posso ainda tapá-lo com muitas pedras. É esse o meu segredo. Nem tudo o que se vê no meu tabuleiro é meu e nem é o meu jogo. Xeque, dizes tu. Não estou a jogar xadrez. Jogo poker. Vá, jogo o teu jogo: diz-me quem és.

3 comentários:

Anónimo disse...

Xadrez é o jogo dos loucos!
Sentados frente a frente e mesmo assim não conseguem dizer nada um ao outro!
Xadrez jogo da solidão, pois no meio de reis rainhas torres cavalos e uma série de outras personagens, das nossas vidas.
Xeque a quem? Escapar de quem? De ti mesmo? De mim?

João Barbosa disse...

está bem. não vou jogar mais às charadas.

Anónimo disse...

Joga!
A vida é um jogo!
Não desistas e não entregues o Rei dessa maneira!