digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

sexta-feira, maio 12, 2006

Torreira

Quando está calor apetece-me uma pinga de água. Se o Sol escalda e arrepanha a pele, apetece-me senti-la regar-me. Gosto de tirá-la dum poço, porque a profundidade, a escuridão e a pedra fazem-na fresca. Não há nada melhor do que água. Nem mais franco e aberto.
O Sol não queima a água e quanto muito fá-la voar, mas nunca a dos poços. Essa é sempre fresca e não fosse o abandono e a estupidez estaria sempre viva.
Contaram-me dum homem que adormecia à sesta deitado numa sombra sobre o gargalo dum poço. Não tinha medo de cair. Um dia tombou mesmo, mas salvou-se. Não foi por isso nem por estar bêbedo que a água ficou pior. Difícil foi tirá-lo de lá. Contaram-me.
Quando está Sol só apetece uma pinga de água. Não há bebida mais franca. Tomara fosse tudo tão simples na vida.

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