digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

sábado, maio 06, 2006

Às vezes ao entardecer

Às vezes sento-me à soleira do meu monte ao entardecer e ignoro o tempo e o dinheiro, que são as duas maiores chatices da vida. A morte faz parte da vida e a doença é um aborrecimento tolerável ou até compreensível.
Às vezes sento-me à soleira do meu monte ao entardecer e leio os meus amigos impublicados. É uma pena que não os publiquem, quase uma pena nacional o desperdício de inteligência e talento. Nesses momentos esqueço-me até do Sol que se põe. Interessa-me, quanto muito, uma pinga de água fresca que consigo duma enfusa de barro.
Às vezes entre a sombra e o Sol leio os amigos impublicados e revejo-me nas linhas escritas e nas inseguranças. Não é por serem amigos ou por ser entardecer, mas pelo português, pela inteligência e pelo fruto valerem o esforço das impressoras e dos olhos dos leitores.
Do meu monte ao entardecer sonho em revelá-los ao mundo, como se o Alentejo fosse Nova Iorque e a minha pinga de água fresca a força motriz que move a máquina giratória do eixo terrestre. Às vezes à soleira do meu monte sonho além de ler os meus amigos impublicados e só vejo o Sol a pôr-se.

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