Mesmo que não fosse domingo, ainda que houvesse praia, em que estivesse todo este calor, tudo em mim seria igual: as mesmas indecisão, culpa, tristeza nostálgica, vazio, buraco na alma e solidão de mim.
O ano está a chegar ao tempo do sem retorno. A partir de agora já não volta para trás. Os dias vão esticar-se nas horas e acalorarem-se absurdamente. Até se estoirarem. Não há maneira dos travarem. Não há água que caia do céu para apagar esta opressão doentia. O Verão é vingador, tirânico e temperamental.
É domingo e está uma sensação quente de culpa. Hoje é um dia estúpido de cheiros abafados na rua e ainda estão para vir o Santo António, as sardinhas e os caracóis. É uma tontura que atira o corpo para a cama a suar. É um abafo que atira o corpo para a rua. O tempo faz-se de momentos semi-perigosos.
Este maldito vazio de palavras e a indecisão quanto a amanhã. Não há dor maior! Quem me dera os meus amores juntinhos!... Todos numa jarra para não morrem de sede. Está um tempo de quase morte, uma opressão doentia e uma despreocupada entrada de Verão.
2 comentários:
Se o Verão começa a espreitar é bom sinal, podia ser a Primavera amena mas já não parece. Não me assusta.
O Inverno interior é mais tirânico do que qualquer calor que nos possa chegar perto da pele, tocá-la e brincar com o nosso odor corporal.
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