digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.
domingo, maio 14, 2006
A canção da Maria
Gostava de ter uma canção nossa, algo a que me pudesse agarrar e tivesse a cor do teu cabelo e a doçura dos teus olhos. Não temos uma canção. Não fizemos uma. Só partilhámos afectos. Não namorámos. Consumimos dias apaixonadamente. Os dias foram queimados como um cigarro, à velocidade do relâmpago e com a crueldade do incêndio. Há um ano éramos tão jovens e felizes. Clareiras na floresta, onde a luz solar vem pouco filtrada pelas folhas e piares dos pássaros. Não tenho nada teu a que me agarrar. Nem uma canção. Gosto do teu cabelo e da doçura dos teus olhos. Não me desculpes por me lembrar de ti todos os dias, condena-me por não ter uma canção tua, só nossa. Não tenho nada teu a que me agarrar. És feita de espuma e de fumo. Gosto do teu cabelo e culpo-me por há um ano só ter tido olhos para ti e não ter ouvido nada que a ti se colasse e agora me valesse. Gostava de ter uma canção nossa, tua.
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