digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

quarta-feira, abril 26, 2006

Voar e liberdade

Reembrandt pôs janelas para dar luz aos negros, aos quartos negros. Nunca mais a vida voltou a ser como antes dentro desse mundo onde tudo se passa num espaço mais limitado do que o mundo, como um palco, à vista de todos, à vista de quem tem olhos e alma para ver.
E tu, minha menina, que tens asas, já voas? Já voas novamente? Tenho pena que tenham de te segurar para esvoaçares e te falte a coragem para te emancipares. Quando vais tu voar sozinha? O que importa se caires no chão? O chão é apenas chão. É madeira. É tão material como o ar. Quando perceberes que o ar é feito da mesma essência que a madeira vais suster-te nele e voar. Para que queres tu as asas se não voas? Larga a vida que levas, não precisas das mãos a segurarem-te. Olha, tens as janelas postas por Reembrandt. Delas podes ver o mundo e sair desse quadro. Vai, voa daí para fora. Há quem não o possa fazer por não ter asas e se limite a contemplar as vistas, mas tu nasceste com asas. Vai, vai voar. Não precisas das mãos dos outros para esvoaçar. Não é presa a alguém que vais ser livre. Sai desse quadro. Tens abertas as janelas de Reembrandt. Por elas entra a luz e podes sair para a liberdade.

1 comentário:

Anónimo disse...

Que belas palavras. Posso roubá-las para mim?
Gostei bastante do infotocopiável.
Vou voltar.