O ser humano consegue voar. Nem sempre por vontade própria: que o digam as vítimas da defenestração de Praga (1618) ou Miguel de Vasconcelos (1640). De toda a maneira, o vôo humano desenrola-se no sentido vertical e termina muitas vezes em fatalidade, dependendo da altura do ponto de partida e da solidez do ponto de chegada.
No período do processo revolucionário em curso cantava-se desafinadamente uma cançoneta horrível que falava de gaivotas e papoilas e cujo refram dizia: «somos livres de voar». As pessoas democráticas, as reaccionárias e as bem-humoradas respondiam: «Um comunista voava, voava, dum décimo andar»...
É horrível o vôo humano!
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