digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

quarta-feira, abril 26, 2006

O vôo humano

O ser humano consegue voar. Nem sempre por vontade própria: que o digam as vítimas da defenestração de Praga (1618) ou Miguel de Vasconcelos (1640). De toda a maneira, o vôo humano desenrola-se no sentido vertical e termina muitas vezes em fatalidade, dependendo da altura do ponto de partida e da solidez do ponto de chegada.
No período do processo revolucionário em curso cantava-se desafinadamente uma cançoneta horrível que falava de gaivotas e papoilas e cujo refram dizia: «somos livres de voar». As pessoas democráticas, as reaccionárias e as bem-humoradas respondiam: «Um comunista voava, voava, dum décimo andar»...
É horrível o vôo humano!

Sem comentários: