digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

sábado, abril 29, 2006

O pesadelo em vida

Houve uma altura de vida de que não me quero lembrar do que fiz. Sei bem do passado, mas não quero saber. Estava em mim e fora. Era eu e uma outra pessoa. Respirava uma só vez, tinha um só coração e não dormia. Não dormia, porque em mim viviam duas pessoas. Quando uma deveria adormecer, a outra acordava. Viviam em mim duas pessoas e tive sempre um só corpo. O que fiz não me quero lembrar. Não quero dizer. Houve uma altura em que vivi duas vezes. Vivi o pesadelo da minha vida e vivi a minha vida em pesadelo. Não sei se sonhava que tinha pesadelos ou se vivia num pesadelo em que sonhava. Quem era e quem sou? Tinha o mesmo rosto? Há em mim três pessoas: a anterior ao pesadelo, a do sonho mau e a sobrevivente. Que cara tenho, sempre a mesma? Será que as minhas feições mudaram? Há um passado de que não me quero lembrar. Foi há tanto tempo. Foi ontem.

1 comentário:

Anónimo disse...

Poderá ser sempre ontem, mas serás sempre um sobrevivente... e quem cá está agradece-te por isso. Um beijo do tamanho do teu coração (é nhonhas, mas é o que sinto :) )