digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

terça-feira, abril 25, 2006

Hundertwasser

Nós por cá preferimos saudar o triste. Nos países lúcidos louvam a festa. Nós por cá não questionamos, dizem que é bom e aceitamos, mesmo que seja apenas medíocre, chato e branco. Nós por cá preferimos a nesga, a fresta e a passagem estreita para os lados nenhuns. Nos por cá preferimos o minimalismo a citar o antiguinho. Nos países da luz elogiam a festa e constroem-na!
Chamava-se Hundertwasser e era pintor e escultor. Morreu em 2000 e deixaram-no construir as casas que sonhou. Porque a vida é para se viver. Porque devemos viver em harmonia com a natureza fundiu casas com as colinas e mesclou-as nos verdes. Porque os pés são para andar, o chão não tem de ser direito! Porque o homem é um só, na paleta e nas casas cabiam muitos povos. Nos países lúcidos convidaram-no a construir. Ele era pintor e escultor.
Nós por cá preferimos o chato do branco, que a única coisa que devia fazer era a toca dos ursos polares no Zoo de Lisboa ou os urinóis hospitalares. Qualquer traço que o mago faça é arte, mesmo que seja apenas branco e cheire a éter e o resultado se pareça com um sanatório do tempo da Guerra de 1914/18.
Nos países de luz deixam trabahar os artistas e também os asnos do branco, que dão bons dias à tristeza infernal em que vivem os desgraçados que já tinham uma vida triste antes de viverem nos apartamentos tristes do chato.
Um destes dias tenho de ir lavar os olhos à Alemanha e à Áustria, onde deixam os pintores, os escultores e até os asnos fazer arquitectura.

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