digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

sábado, abril 22, 2006

Dentada de Komodo

Às vezes mordo. Como um Dragão de Komodo transmito a morte na pessonha da minha boca. Às vezes mato com aquilo que digo. No mínimo firo. São setas, são dardos, são tiros, são morteiros, são torpedos, são mísseis balísticos, são o mais mortal que há. Depende, são só palavras. Quanto mais próximo, mais mortal. Às vezes mordo como um Dragão de Komodo e a minha pessonha mata dolorosamente.
Às vezes mordem-me. Como um Dragão de Komodo. A carne incha e fica da cor da inveja antes de estar morta. Depois alastra pelo sangue e toda ela vai morrendo. No mínimo têm de me cortar um pedaço para que o resto sobreviva. Depois a custo e com muita dor volto a crescer. Dói muito: a dentada, a carne arrancada e o senti-la a crescer. Às vezes mordem-me como um Dragão de Komodo.
Às vezes mordo sem querer. Como um Dragão de Komodo. Às vezes mordem-me sem querer. Como um Dragão de Komodo. A pessonha entra no sangue e apodrece a carne. Mata num instante que parece longo. Dói muito. A pessonha mata. Mesmo sem querer. A dentada do Dragão de Komodo mata.

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