digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

sábado, abril 22, 2006

Chá verde ao telefone

Estive três quinze dias ao telefone. Tudo seguido. Não gosto de falar ao telefone, mas gostei. Foi refrescante como um gelado de chá. Como chá verde fresco. Falámos de quase tudo e disso também. Bem, não falámos daquilo, mas dissemos algumas intimidades. Desabafos de caderninho de folhas recicladas apontadas com letra bonita. O coração que já não tenho não tem nada a esconder, é um não-lugar, um espaço e um buraco vazio e vê-se de longe que ali está um buraco. Por isso conto tudo. Ela confia e contou muita coisa. Ela felizmente ainda vai ser feliz e espero nunca se aleije com o seu namorado. As pessoas às vezes são estátuas e as estátuas são de pedra. Espero ter-lhe dito as palavras certas para que sejam consideradas de conselhos. Gostei daqueles três quinze dias ao telefone com a amiga nova, apesar de não gostar de falar ao telefone. A conversa foi fresca e falámos de muitas coisas sem ser um cabaz de assuntos. É bom ter amigos novos! A conversa foi refrescante como um sorvete. Um sorvete de algo verde... pistacho ou lima ou menta ou chá verde... ou mesmo só chá verde gelado. Gostei dos três quinze dias ao telefone.

2 comentários:

Anónimo disse...

Dizem que a conversa é como as cerejas. Mas cerejas não combinam com chá.
movemo-nos num espaço que considero muitas vezes limitado, muito quotidiano. andamos sempre à procura de pequenas fugas que nos permitam pensar que afinal não é só isto... não pode ser só isto. de vez em quando temos um vislumbre, com certificado de garantia como as coisas fúteis que compramos nas lojas caras, de que não há mais nada.
de vez em quando temos a certeza que o universo é mais extenso do que alguma vez poderemos alcançar, por muito que estiquemos o braço numa tentativa de lhe chegar.
mas há pessoas, sítios, situações e conversas que nos fazem ter a convicção de que há pessoas, sítios, situações e conversas que são raios de Sol, luminosos e brilhantes. Que lhes podemos tocar, que estão ali, no local ideal e à distância de um mero telefonema. curioso...

Anónimo disse...

Fico feliz por ti :) E gostei muito de ler as palavras que a menina do chá verde aqui deixou. Beijo enorme :)