digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

sexta-feira, março 31, 2006

Algures

.
Nalgum sítio há um céu opressivo a querer cair sobre a Terra, apenas suportado pelas copas das árvores ou por uma fina corrente de ar. De que será feito o céu? Há dias que é de granito e se dissolve em água de pedra muito fria e grossa. Nessas alturas é bom ter coragem para desafiar o dia seguinte e sair para a rua com a boca escancarada para o alto para beber a água que vem. Seria bom que houvesse um grémio de loucos que formasse uma banda, que com tubas e bombos tocasse cavalgadas alegres a festejar a ruptura do céu, enquanto uns tantos doidos dançavam alegres e desconchavados. Nalgum sítio qualquer devia haver um grémio de músicos loucos e de foliões a festejar o céu pesado e a fazer estrondo para que se abrisse em água.

Sem comentários: