digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

quarta-feira, agosto 13, 2025

Concentrado sintético

 


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Funciona ou fica de consolo ou despreza-se. Nos dias tristes medem-se os objectos e o resultado é o que.

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A verdade é uma caixa onde está tudo, do labor equívoco fortuna-má-sorte e do amor, ódio e desamor. Daí se escolhe para se ser pode inversamente.

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Só trabalha o trabalhante e restam os sentimentos-acções.

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Tal as palavras, os dias são por nascerem e para se gastarem. Se depois de ditas, fica, à escolha, a aceitação, a nostalgia e a desordem.

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O passado não se deita fora. Talvezmente nem se arruma. Escondido, não digo que não. Regressa como bumerangue.

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Poucas coisas laboram como as canções, colo da mãe e açoite de alguém.

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A pomada não se me segura a momento, porque é eterno o consolo, mas sem saudade.

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Agoniado, não celebro glória nem infortúnio. Amargura pela minha aflição. Cair para trás com cabeça à frente, queixam-se as costas, porque a alma tocou o fim e já não.

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Sono, lugar onde se é e se está, igual à vigília, umas vezes e outras.

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O que a canção me lembra não importa. O unguento é o seu concentrado sintético.

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