Foi um branco de dourado barroco, numa sala ambarina – um templo consagrado pelas chamas dos círios, onde vozes dos ausentes não entram e dos presentes se cativam – verteu-se com cerimónia, silenciosa reverência e ansiedade infantil.
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Regrando silêncio casto, pecando por vontade boateira, em custo liberto duas verdades amplas e opacas. Genéricas para esconder e obscuras por desconhecer palavras de justiça, sou mero iniciado, e não virtuoso pudor.
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Aromas raros e paladares de mistérios.
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Um vinho de biblioteca restrita e regiamente nocturno. Sugeri conhecer o claviculário e a tranca da estante invisível e bebi-o fingindo saber carolíngio.
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Tocou-me a boca como o fantasma se encosta na vidente. Deixei-o ficar e em segundos de paz alvoroçou-me, como a dor do orgasmo. Engoli-o e fez-me seu escravo. Por ele recebi a bondade magnânima de Deus e a maldade rechonchuda do Diabo.
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Subi a escada celeste e numa nuvem… conte o quiser quem quiser, resto em silêncio cartuxo.
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