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O rádio, no tempo da melancolia e da angústia, fala músicas
castanhas-cinzentas, de fronteira indistinguível. A tarde é eterna e os
pássaros deitam-se mais cedo. As torradas com manteiga arrefecem e esquece-se do
chá. Os gatos e os fantasmas dormitam. Os ladrilhos bicolores do chão da
cozinha estão limpos. Talvez chova e faça frio. A noite não tarda, mas não vem.
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