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– Quando acaba o mundo?
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– Brinca?
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– Não o atormenta?
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– Não, nem um pouco.
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– Nem um pouco?
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– Não.
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– Penso nisso. Faz sentido acabar o mundo?
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– Não entendo. Onde quer chegar?
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– Se faz sentido o mundo acabar. Inquieta-me…
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– Morreremos um dia.
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– Não é isso. Isso eu sei. E garanto-lhe que não se morre.
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– Já falámos disso. Sabe o que penso.
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– Sei, sim.
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– Se o diz, se tem essa certeza, por que se pergunta acerca
do fim do mundo?
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– Deus criou o mundo. Poderá acabá-lo. O que haverá então?
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– Criou também o universo, depreendo e sei que o pensa.
Acabar com o mundo, com o universo… o que importa?
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– Não sei. Talvez não importe. Agora importa-me. O que será
de nós se o mundo acabar?
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– …
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– Por que viemos?... Por que existimos?
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– Por que não o pergunta a Deus?
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– …
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– Não crê? Não o teme, sei. Por que há-de pensar no fim do
mundo?
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– Se não houver fim do mundo, que sentido faz tudo isto? A
casa, nós, as estrelas, o espaço entre os corpos celestes.
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– …
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– Bem… talvez importe tanto quando o começo. Sabe como
começou?
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– Usando a ciência…
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– A ciência obedece a Deus. Usemos a ciência. Sabe como
começou? Quando começou?
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– Há treze mil milhões de anos ocorreu o que se convencionou
designar por biguebangue…
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– Tem a certeza?
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– Há certezas? Quer que lhe responda se foi numa terça-feira
por volta do meio-dia?
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– Não. Gostava de saber por que começou? Sabendo-o, talvez
percebesse o fim do mundo. Não sei.
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– Nem eu.
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– Aceita um tawny?
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– Um de vinte anos irá bem.
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