digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

terça-feira, maio 30, 2017

Medo

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Tenho medo de cair do medo, não sei voar nem descer. E de o chão tardar.
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Sou turvo e denso, chumbo magnético, e sei de saltar, tombar e ruir – não quero. Como não quero morrer doente nem velho nem velho e doente.
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Sei que morrerei triste, desconheço o quanto só.
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O valor e a índole ficam bem nos epitáfios. Sei que morrerei triste.
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Escrevo-me o livro, não o podendo concluir. Por que não arranco as folhas e ponho o epílogo no momento em que temperamento é honesto?
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Há tanta coisa que não entendo e sei jamais perceber. No meu armário dos medos há louva-a-deus.
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Tenho mais medos e o maior é o de não ter desembaraço.
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Medo de cair do medo.

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