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A última vez que vi a minha mãe, os dois aqui na Terra,
tinha os olhos tão meigos e parados, sei agora que em premonição, como imagino
me terem visto ao nascer. Acenei-lhe sorrindo e ela olhou-me.
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A última vez que falei com a minha mãe, os dois aqui na Terra,
pareceu-me um passarinho, aquele pardal que peguei, escaldado e pensei sedento,
e morreu nas mãos.
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Nesse fim de tarde, alguém atendeu o telefone lho deu, porque
não o ouvia. Pareceu perceber todas as palavras, era surda. Respondeu-me
baixinho e doce como um passarinho, a pressenti sem a ouvir.
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Despediu-se assim, em suicídio por desistência.
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