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Uma brisa levava o ar calmo, serena, breve e levemente
marinha. Continuava a pensar na cor do céu nocturno. Não preocupava, só a captura
porque nada… nada. A célebre futilidade do ócio, a semente do tédio e a raiz da
melancolia.
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Toda a voz vive em exílio, ninguém face ao jardim formal, um
privilégio singular, outras vezes punição.
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Repentemente um mínimo burburinho, da dimensão do murmúrio
escondido, remexendo o chão. Nem susto nem zanga, mas o deslumbramento pela
aceitação dum camundongo atrevido – dele e minha.
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Pensar na cor do céu nocturno não causa um sobressalto, certamente
o meu olhar e o resto inspirou-o.
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Meditava afimente sobre um ramal da filosofia contemplativa
e o ratinho, do olhar esperto e meigo, chamou-me como a paternidade resgata um
homem. Exagerando, bem sei.
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O que se faz aos olhos, aos gestos e aos sons?
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Talvez me ouvisse a cabeça e respondeu-me cirandando até se
desinteressar. Subtilmente saiu sem que cão ou gato soubessem.
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Deixei-me a sorrir, apreciando o sopro veraneante, com as
ideias enleadas de cor do céu nocturno e do bicho a passear-se nele.
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Inquerendo ganhei horas de vigília e aquele olhar bondoso.
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