digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

quarta-feira, maio 24, 2017

Inquerendo

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Uma brisa levava o ar calmo, serena, breve e levemente marinha. Continuava a pensar na cor do céu nocturno. Não preocupava, só a captura porque nada… nada. A célebre futilidade do ócio, a semente do tédio e a raiz da melancolia.
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Toda a voz vive em exílio, ninguém face ao jardim formal, um privilégio singular, outras vezes punição.
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Repentemente um mínimo burburinho, da dimensão do murmúrio escondido, remexendo o chão. Nem susto nem zanga, mas o deslumbramento pela aceitação dum camundongo atrevido – dele e minha.
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Pensar na cor do céu nocturno não causa um sobressalto, certamente o meu olhar e o resto inspirou-o.
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Meditava afimente sobre um ramal da filosofia contemplativa e o ratinho, do olhar esperto e meigo, chamou-me como a paternidade resgata um homem. Exagerando, bem sei.
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O que se faz aos olhos, aos gestos e aos sons?
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Talvez me ouvisse a cabeça e respondeu-me cirandando até se desinteressar. Subtilmente saiu sem que cão ou gato soubessem.
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Deixei-me a sorrir, apreciando o sopro veraneante, com as ideias enleadas de cor do céu nocturno e do bicho a passear-se nele.
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Inquerendo ganhei horas de vigília e aquele olhar bondoso.

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