.
Sou sala de velório em noite de vigília, fogo que não se
apaga e fogo sem começar, odor grave das flores e as fitas roxas com letras de
ouro.
.
Na solidão de ser-se só, recluso e melancólico, traído e sem
vingança, na vida desmoronada, nem o sono é mãe.
.
Vejo um piano que toca, sem ninguém, mãos de me apertar sem
segurar, a angústia. Na casa de negrum espesso não há portadas para rasgar nem
gatos.
.
O tocar de valsa lenta, esmorecida de texto viúvo declamado em
tino insensato, esse pairar dos olhos fechados, inebria como o vinho em jejum.
.
Indiferente é mentira. Seria saciado, desencarnado por
desejo, se obedecesse à transgressão, não me faltasse o instante e já o tempo é
demorado.
.
Disseram-me da tepidez do céu azul e do frio que enrijece o
carácter. Uns silabaram e outros mansamente, se fosse vontade a melancolia e a
angústia, o pulsar para o fim, se cobiçasse açoitar com a aflição.
.
Se eu fosse mentira e não isto. Em felicidade leviana disseram-me
que chove luz. O coração-cérebro-fígado é um calabouço.
1 comentário:
:)
Enviar um comentário