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Há muita solidão quando apenas um gato para ser ou dois ou
três, como o vidro-martelado, das janelas das traseiras, sob a chuva numa casa sem voz.
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Não importa se há vista ou saguão, nem mesmo a disposição de
abrir as portadas. A solidão é e não as gotas e o tudo-o-mais.
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Há dias de luz perene, como a árvore, não fenece até ao findamento,
sabe-se da sua morte, quase o momento, sente-se e é noite ou tronco oco.
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O relógio-de-pêndulo repete como o dizer dos velhos e tal é
cruamente, o compasso é deixado a levitar.
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Ah, o gato. Sob coberta quente, os olhos são a nostalgia e o
gato quieto caça os fantasmas.
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Nota: Este desenho tem por título «Solidão com um gato». Não
sendo, assim, uma frase só minha, surgiu-me esta imagem quando pesquisei o
complemento para a minha ideia.
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