digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

segunda-feira, janeiro 02, 2017

Obituário de quem não morreu

.
Pode ser que não valha e pode ser que não me importe e pode ser que nem seja importante.
.
É! Um retrato da decadência. Para não me aleijar em esforço, digo a banalidade plebeia da prostituição: Servicinhos a preço de Monsanto, num final de noite em que não se juntou para o sonho e muito menos para a pensão.
.
Talvez não preste e o esquecimento seja justo. Uns não podem e outros não querem e outros somam – já lhes disse. Na melhor das hipóteses, pode ser que só não valha a pena, por lastro ou sombra.
.
Sem o sal apimentante para encarnecer a índole, a inteligência e a bandeira – tantas vezes lhes contei. Como o corno incompreendente, ou disfarçando saber-se enganado, manso para não zangar.
.
É tédio numa neblina. A monotonia da posta de pescada cozida.
.
Não tenho analgésicos para esta ressaca nem esquadrinho astrologia conspirativa nem me apoquento com vinganças nem as canções tristes se solidarizam.
.
As perguntas irrelevantes, às quais as respostas possam ser tristes, não se fazem. Basta-me o silêncio antigo.
.
Importam-me os duzentos escudos pelo servicinho e me são insuficientes.
.
.
.
Nota: Estive quase para escrever «serviçinho»...

Sem comentários: