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Há a lei e a transgressão. A vida é juízo e riso. Pouco será
tão arrogante quanto dizer que de nada se arrepende.
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É-se velho no inevitável lamento mas cego ao espelho, certo
de que nenhuma nos faltará, sobretudo com um roadster descapotável.
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Quando se vai a um armazém de tristezas e negações e se paga
para dançarem nuas no colo, roçando os mamilos nos lábios, largando perfume
barato e pó-de-talco, para mal disfarçar esperando ciúme, que provavelmente não
acontecerá.
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Quando se vai às putas.
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É-se velho quando a geração é gorda, sofre de cancro, deixa
de fumar e se casa pela segunda vez, porque só ouvem as canções dos dezasseis
anos ou as que eram pirosas, paralisados diante do ecrã do computador em Error
404, e as fotografias antigas não fazem sentido e nem se reconhece.
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Falta o tempo da esperança, muito mais do que os cabelos
esbranquiçando-se. Quando se esquece a jura de que a verruga é perfeição
adormecida.
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Quando já não se sabe se sabe e nem a incerteza é certa.
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Quando dizemos que antigamente é que era bom, a música agora
não presta, os jovens não se sabem vestir nem pentear.
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Quando a escola não ensina e os miúdos saem sem saberem
coisa alguma.
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É-se velho quando se vive, acordado e dormindo, a derrota e
sonhando se faz da vingança a justiça, na felicidade de fim de livro, realizado
e reconhecido.
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Quando nada se diz para nada ouvir.
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Quando se diz que velhos são os trapos.
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Quando se diz que não se caminha para novo.
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Quando nega ser o que se garantiu nunca estar.
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