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Declaração inicial temendo uns chapadões na cara que serão bem
dados se me incompreenderem. Vou escrever o que vou escrever sem que escreva
estupidez e menos petulância e de modo que me entendam – especialmente que entendam.
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Sei de trocar os vês por éfes e os dês por tês e bês por pês,
sei de serem aparentadas pelo normalidade e leve dislexia. Peço compreensão
para gralhas e outros corvídeos pois na pressa tingir a folha deixo
frequentemente inconseguimentos – animais de estimação por vezes guardados para
memória.
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Tenho diante dos olhos dormindo e desperto – atenção para o
começo – costas mais belas do que as da fotomontagem Man Ray e das vertidas por
Ingres. Não pela arte mas toda ela, do ruivo ao fim.
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O belo é belo e dizê-lo não pode ser sujo em juízos ou
ideologias. Só a fotografia é objecto e ela é ela, antes e depois,
apoquentando-me vivo ou sonhando.
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Não sei onde a vi, não se cruzou nem procurei, chegou
despida e ainda assim sensível e imperial. Sem inocência e muito lume. Dizem
olhos e boca, não é de surpresa – nem por não a estar beijando porque sabe da distância – mas de ordenança.
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Um só seio derramado e grande – aprecio-os pequenos e subidos – e de mamilo invisível provocadoramente fingindo
esconder-se pelo braço, as pernas chegadas dizendo de toda a proximidade de
tudo e os pés trocados de lado mostrando abraço como o da dioneia.
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Treme-me a voz e as mãos. Indigo, se som saísse seria ruído
ou desacerto ou desnexado ou tudo isso. Como estivesse diante, em casa vaga num dia
infinito.
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É beleza, a prisão e eu patético. A beleza é beleza e
daí não digo mais.
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A pornografia é visível e o erotismo pressentido e o
amor, o amor é muito complicado. Não a quero amar. Ser o insecto da dioneia até
à acalmação.
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Dizer o quê além de beleza e já explicado? Se não entenderem,
pois venham os chapadões.
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Nota: a modelo é Ameliya Noita.
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