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– Disse-me:
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– Vai à merda.
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Antes que tivesse pressentido o disparo à queima-roupa ou a
razão esticara-lhe os lábios para lhe pedir um beijo. Ríspida:
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– Estás parvo?!
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– …
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– …
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– O que foi?
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– O que foi é que nunca sabes o que foi.
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– …
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– Onde nos conhecemos? Onde? Quem nos apresentou? O que
fizemos depois? Quando foi? Juraste-me amor? Que me disseste?...
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– … A vida toda. Antes de ti não havia mundo e o universo
era órfão…
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– Já mo tinhas dito.
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– É verdade!
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– Já mo tinhas dito.
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– Afinal lembro-me.
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– Não te lembras de mo teres dito.
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– Disse-te a verdade. Ontem e hoje e certamente amanhã.
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– És um desmancha-prazeres… adoro-te porque não mudas e
gostava que mudasses para te trocar por que mudaste e gostava que não mudasses
para findar. Não posso, assim.
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– …
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– Vou cortar o cabelo.
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– (A coisa é grave).
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