.
A nostalgia de voar quando se comprava roupa para a viagem e
dias para estar. Os talheres de metal, a refeição quente e o resto era igual. Dos
aviões tenho saudades do Caravelle, baptismo de voo na barriga da mãe. O Boeing
727 em que se entra por trás e me trouxe, num dia de azul de Julho, de
Faro para Lisboa. Na TAP, as hospedeiras eram arrogantes, deviam entrar por
cunha e julgavam-se passageiros de primeira classe, estatuto que nunca conheci
nesta companhia – só mesmo executiva. Fumava meio maço enganando o tédio, voar
é aborrecido como um autocarro sem paragens. Há viagens esquecidas e outras
lembradas e delas uma na Lufthansa em que a hospedeira se derreteu por mim e
quase se fechou comigo na casa-de-banho do Airbus A 300 praticamente vazio. Não
lamento essa perda, só a magreza e o rosto que seduzia, na terra e no céu. Aliás, não há prazer
como o da sedução nem pavor sem fuga. Fugi muito.
Sem comentários:
Enviar um comentário