digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

terça-feira, junho 23, 2015

Xabregas

.
Cheguei ao quarto do hotel onde um candeeiro mostrava.
.
Não via essa luz desde 1991, nas noites de Xabregas.
.
Era dentro e fora, da entrada à saída e no caminho para as raves.
.
Esquecera-me e dei pela falta no reencontro. Clandestina e secreta como as festas.
.
Ainda num armazém de tijolo, ferro e vidro, entre Xabregas e o Poço do Bispo. Naquela beleza de indústria morta, bebia vodkas com laranja e beijava-a quando deixava – na festa do Frágil – e era sempre: cruzávamo-nos, vindos e indo sei lá, sorriamos e beijávamo-nos, e os pés continuavam.
.
Essa luz conta-me o que sei mas não responde a perguntas.
.
Como o carrinho amarelo da Corgi Toys – o favorito aos cinco anos e sugado por um ovni – que descobri na gaveta do móvel da sala de costura, essa luz.
.
Toda a infância tão perto.
.
A adolescência na luz dum candeeiro de hotel e órfã de nostalgias.
.
Ainda assim, escreve-se com três letras.
.
.
.
Nota 1: Olá ASC.
.
Nota 2: Tenho ainda o Batmobile, mas perdi o Robin.
.


Sem comentários: