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Cheguei ao quarto do hotel onde um candeeiro
mostrava.
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Não via essa luz desde 1991, nas noites de Xabregas.
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Era dentro e fora, da entrada à saída e no caminho para as raves.
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Esquecera-me e dei pela falta no reencontro. Clandestina e secreta como as
festas.
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Ainda num armazém de tijolo, ferro e vidro, entre Xabregas e o Poço do
Bispo. Naquela beleza de indústria morta, bebia vodkas com laranja e beijava-a quando
deixava – na festa do Frágil – e era sempre: cruzávamo-nos, vindos e indo sei
lá, sorriamos e beijávamo-nos, e os pés continuavam.
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Essa luz conta-me o que sei mas não responde a perguntas.
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Como o carrinho amarelo da Corgi Toys – o favorito aos cinco anos e sugado por
um ovni – que descobri na gaveta do móvel da sala de costura, essa luz.
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Toda a infância tão perto.
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A adolescência na luz dum candeeiro de hotel e órfã de nostalgias.
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Ainda assim, escreve-se com
três letras.
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Nota 1: Olá ASC.
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Nota 2: Tenho ainda o Batmobile, mas perdi o Robin.
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