digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

segunda-feira, junho 29, 2015

Queres mesmo que te responda?

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– Há tantas palavras para preto, mas a densidade é tal que conhecemos poucas. Mesmo os olhos são incapazes de abarcar toda a dimensão. Penso que as guardo todas num pantone íntimo.
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–  E o branco?
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– O branco é a mesma coisa, mas não interessa nada. O branco não interessa nada!
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– Por que não?
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– Porque não o vejo nem sinto nem pressinto, é uma coisa, uma coisa plana sem nada, que pode tudo e não tem nada.
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– É como a esperança?
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– A esperança tem uma semente e o branco não tem nada.
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– E as outras cores?
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– Só o azul importa, porque é o belo. Fora do azul há o escarlate e o caminho do lilás ao roxo.
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– As outras cores?...
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– Importam o mesmo que o branco. Ou lhe são úteis dando algo de si ou misturam-se como cães rafeiros em cópula, numa propagação irrevogável.
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– Irrevogável?
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– Sim! O que mais há?... Amarelo, e amarelo é só amarelo. O carmesim tem dois filhos felizes, o escarlate, feito com o azul, e o laranja, arranjado com o amarelo. Ao verde, nem a beleza do azul o salva. Amarelo é amarelo, e tanto faz. Carmesim é carmesim, e tanto faz. Laranja é laranja, e tanto faz. Verde é verde, e tanto faz.
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– Então, e o castanho?!
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– Queres mesmo que te responda?

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