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Umas vezes estou contente e outras triste e para baralhar,
ora voo em felicidade ou navego em sentido oposto. Francisco Goya é um daqueles
artistas que me dividem. Não tenho uma verdade.
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Tenho certezas: abomino El Greco e Renoir, adoro… adoro?
Adiante. Sou um chato!
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Goya é um pintor exposto no meu museu mental desde cedo, por
via do apreço do meu pai. Na adolescência efervescia-me com a visão dos quadros
«Maja vestida» e «Maja nua». Lembro-me de Manuel Jorge e duma professora na
Escola Secundária de Gil Vicente, em Lisboa, enaltecerem-lhe a coragem da
pintura.
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Coragem?!
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A coragem de denunciar os abusos do poder, do castigo da
morte… Ou mais difícil, o carácter para não retratar, bem pintadinho e
embelezando, quem lhe pagava o trabalho. Fazer isso em paz talvez fosse tão
arriscado como em guerra.
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Se Francisco Goya retratou os Bourbon, que reinavam em
Espanha, com toda a fealdade verdadeira, não deixa de ser notável o modo como a
família coroada lidou com isso.
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Tal como Amnófis IV, ou Akenaton, e família se deixaram
imortalizar com as suas deficiências corporais. A hidrocefalia, as barrigas
desleixadas…
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Gostando deste artista, da transição entre os séculos XVIII
e XIX, ou franzindo o nariz permito-me recomendar a exposição «Os caprichos de
Goya», patente até 1 de Novembro, nas Caves da Calém, no Cais de Gaia. Pois bem, não fui, mas sei o que lá há. É
como nos concertos: não se conhecem o alinhamento das músicas nem os efeitos de luz, mas
sabe-se o reportório e o modo de estar em palco.
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Como se diz na promoção do «Rock in Rio»:
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– Eu vou!
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Nota: Para quem não conheça e duvide da pintura vernácula de Goya, fica o retrato da família de Carlos IV de Espanha.
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