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Se digo, é uma maré de ondas grandes que me transpõe. Se não
digo, fico em represa a transbordar. Afogo-me no rebentar irado da partida ou
no cansaço de inalcançar uma margem.
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Quando era pequenino tinha colo e festas na cabeça. Agitavam-me
devagarinho para que me acalmasse e fechasse os olhos em sonhos de miminhos.
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A vida corria magra entre seixos, fresca, transparente e
limpa. Afluentes, os anos e as suas lágrimas encheram o leito, onde à noite me
deito e desejo dexistir ou adormecer até chegar o sopro.
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Sinto muito e peço-me desculpa e perdão aos outros. Se uma
luz viesse iluminando-me, para que lavasse, levasse em graça e esquecimento.
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Um copo de água fresca amolecendo pela noite do dormir e pela
manhã ainda lá estar com pequenas esferas de ar aprisionado e eu longe.
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