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Se não fosse necessária a morte seria qualquer coisa muito
estúpida.
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De amor e o corpo ficando, qualquer desgosto. A mim não vêem
o que vêem.
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Devagarinho mas só abruptamente.
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Porque não se quer, salto, estoiro, remédio e. E
estupidamente também, de velhice, doença, homicídio e desastre, não importa.
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Assim, porque sim e ouve-se duma vida além daqui e aqui não
ouvem nada. Acredita-se e desmente-se e quer-se acreditar e não se sabe. A
dúvida é uma mão mexendo em toda a parte dentro.
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Morre-se do nascimento à morte, as células renovam-se e os
ossos são outros a cada sete anos. O corpo tem uma idade que não a sua, até a
matemática se cumprir.
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Pela janela entra aragem e sai-se. A bala segue a vontade. O
remédio de curar serve para curar. E de tudo pode e. Naturalmente não importa e
naturalmente não importa.
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A colher tira de dentro e alimenta à boca. É coração é mente
é inteligência é fígado é indecisão é um reboliço lento e imparável. Choca e
pára, choca e desfaz-se, choca e ergue-se, choca e prossegue. Tanto faz,
naturalmente não importa e naturalmente não importa.
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Nem céu azul nem luz clara. Abóbada sem estrelas, um caixão
entreaberto de boca voltada para o canto num quarto negro sem luz. Silêncio e qualquer
coisa de indeciso.
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Quendera desmaiar, acordar não sabendo onde e ir
descarregado até.
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Quendera o febrão lentíssimo se arrefecesse. Que com certeza
fosse concerteza e por que fosse porque.
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Os outros não importam para que se importem. Chama-se
certeza à dúvida para se anteciparem lágrimas. Esqueceram-se, que se lembrem e
se esqueçam – hipocrisia.
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Chorei em vão. Depois.
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Os outros não importam, os outros não se importam. Quando calo
não ouvem, dizendo não ligam, um pranto é histeria, na chuva ensopa-se a
paciência, o grito fecha a porta, e um alerta é carência de atenção e chantagem
e desvalor.
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Depois e qualquer coisa e não se importam, não dizem nem
abraçam nem ouvem, não atendem o telefone nem ligam, não escrevem carta ou respondem
por mensagem, não vão à porta.
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A mão dentro remexe de pena, remorso e vontade de castigo e
vingança. Querendo acreditarm milagre matraquilho-me para convencer-me que se
importam. Martelo-me ao desmaio desiludido, só medra a sementeira da ilusão de
me bem-quererem.
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Quase todo o tempo iludo-me, finjindo não reparar na
negligência. Para que os tenha silencio o silêncio. No vácuo não se ouve, fora
dele também não.
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Quendera morrer por aí num tanto faz em qualquer lado
sozinho deixando o corpo a quem quisesse tocar.
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Quendera quisessem saber em vez de não fazerem, de dizerem
não saber que não sabem o que fazer e por isso nada fazerem nem ouvirem nem dizerem
nem atenderem o telefone nem telefonarem nem mandarem escritos nem convidarem nem
abrirem a porta nem espreitarem pelo ralo.
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Às dores da desilusão e do medo e de pronunciar carência e vergonha
por se ter dor. Depois ainda.
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Emparedar-me ou sumir. Um papel como derradeiro pedido de
auxílio, nulo porque igual aos inescutados.
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Quando as portas não se abrem para se entrar, as janelas servem
para sair dos inconseguimentos.
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Leve, levitando em lentidão, que o tempo dentro é desarrumação
em movimento perpétuo.
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Que se importassem, dissessem e ouvissem e ouvissem e abraçassem
e ouvissem e atendessem e falassem e recebessem e lessem e respondessem e
ouvissem a campainha e abrissem e não fechassem a porta antes de a abrirem.
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Não tenho nenhuma palavra para escrever com as letras de
amigo, talvez dessa certeza não me queiram ter na dor, varrido para baixo do
tapete.
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Esquecimento e até traição, hipocrisia. Cheios pariram-me e
deixado enjeitado, como não soubessem quem sou e sabendo que sei quem são.
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Silencio o silêncio para acreditar que se importam.
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Gostava de ter a cobardia de ter coragem, a dor ainda não
chegou ao destino.
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Não deixaria nada por dizer – tenho uma carta com todas as verdades,
da negligência, da hipocrisia e das traições.
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Pairando exangue sonho acordado que queiram saber e
finalmente.
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