.
Sonhando ou descrendo enrolo-me na espiral até ao ventre
materno. O calor emprestado pelas mantas pesadas de lã, a carne de almofadas, a
posição fetal.
.
Tão grande melancolia adormece num sono de ir embora. O tédio
molha, o tédio seca e derramo espontaneamente sangue.
.
Se aviso, se convite. Pouco silêncio, pouco barulho, lugar
de lugar nenhum e o mundo todo para avistar do alto.
.
A vida começa no A que se grita na primeira perda, quando o
ventre desnuda e chega a dor do respirar.
.
A vida acaba na dor de respirar e na fragilidade nostálgica do
ventre. Se o vento não vai para trás, chega-se à frente na esperança de que
falte o chão – falta sempre ao sentir-se faltar –, a vida caínte cai ao fundo.
.
Enfrenta o vento quem não quer ficar na melancolia medonha a
que se exagera chamando vida.
Sem comentários:
Enviar um comentário