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Deixem-me
ir pela vereda, caminho estreito entre muros de hortas. Fruteiras de braços
longos oferecem de saciar. Abelhas confirmam, vespas arrepiam, libelinhas dizem
água, aranhas comem as moscas, que chateiam, e louva-a-deus panicam-me –
nunca saberei porquê, nem centopeias nem sanguessugas ou bichas rateiras.
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Uma
ribeira podia passar por onde vou, mas nem a sombra esconde o calor que a seca,
nem o calor aquece uma vida perdida, e a vida perde-se por se não viver.
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Se
ficasse estendido… as formigas. Vou até onde for da melancolia à paz e quendera
não se acabasse a azinhaga e Deus queira que não desagúe numa estrada, mesmo
onde os carros se esquecem.
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A
ribeira invisível segue para Norte e o Sol para Poente, a Nascente fica o
cemitério, dizendo que nascemos ao morrer, porque somos de lá e não de cá, de
espírito e não de carne. Lá no alto, preparando para a ascensão, e a terra fica
com o corpo.
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Soube
do doce, provei-o. Amargaram-me e nem por repetir uma prece mágica recolhi o
sabor da infância, do espanto, da ingenuidade e dos abraços e afagos de
afectos.
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Desiludido
olhando as frutas falo-lhes C6H12O6,ou
abre-te sésamo. Tanto lhes faz, quase choro as lágrimas que o calor secaria.
Seria engano, não é o doce que apetito.
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O
caminho da calma faz pensar e pensar aleija. Medo só tenho da louva-a-deus.
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Hei-de
deitar-me e que me levem para Nascente.
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