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Disse-me:
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– Se pudesse voltar atrás voltava a fazer tudo igual.
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Disse-lhe:
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– Se pudesse voltar a trás mudava quase tudo.
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Disse-o e pensei:
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– Voou e perdeste, conseguiste e estragaste, ganhaste, outras
coisas, outras pessoas, outros locais. Nada teria de garantido.
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Em sonhos estou com ela num quarto em penumbra, o disco a
rodar trinta e três vezes por minuto, de mãos a tremer.
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De lábios a tremer de ânsia e medo. O receio de que aquela
porta, que só se deveria abrir às sete, se abrisse às quatro e meia.
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Mais atrevido. Mais lenta. Uns beijos longos e sôfregos e o
inconfundível cheiro da virgindade, que se perde muitas vezes – felizmente.
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Acelerado, baixar-lhe o conforto e saborear o aroma dos
pêlos bem lavados e juvenis. Ainda meio vestidos, roupa trapalhona.
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Depois de deitar e com falta de jeito… nervosa, foi mudar o
lado ao disco – oportuno momento para me arrefecer.
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Com falta de jeito entrar. Mas tão bom.
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Penso:
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Há coisas na vida que não tive nem virei a ter porque a
velocidade da luz e a gravidade não deixam, mas.
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Terei sempre, saciado pela experiência e confessado do
desejo.
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Perguntou-me:
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– Se te dessem a oportunidade de voltar? Se fosse mesmo
possível?
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– Seria mais ou menos como no sonho… mas acho que me
derramaria mais cedo.
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