digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

sexta-feira, dezembro 05, 2014

Os videoclips dos The Cure não passavam na televisão

.
Disse-me:
.
– Se pudesse voltar atrás voltava a fazer tudo igual.
.
Disse-lhe:
.
– Se pudesse voltar a trás mudava quase tudo.
.
Disse-o e pensei:
.
– Voou e perdeste, conseguiste e estragaste, ganhaste, outras coisas, outras pessoas, outros locais. Nada teria de garantido.
.
Em sonhos estou com ela num quarto em penumbra, o disco a rodar trinta e três vezes por minuto, de mãos a tremer.
.
De lábios a tremer de ânsia e medo. O receio de que aquela porta, que só se deveria abrir às sete, se abrisse às quatro e meia.
.
Mais atrevido. Mais lenta. Uns beijos longos e sôfregos e o inconfundível cheiro da virgindade, que se perde muitas vezes – felizmente.
.
Acelerado, baixar-lhe o conforto e saborear o aroma dos pêlos bem lavados e juvenis. Ainda meio vestidos, roupa trapalhona.
.
Depois de deitar e com falta de jeito… nervosa, foi mudar o lado ao disco – oportuno momento para me arrefecer.
.
Com falta de jeito entrar. Mas tão bom.
.
Penso:
.
Há coisas na vida que não tive nem virei a ter porque a velocidade da luz e a gravidade não deixam, mas.
.
Terei sempre, saciado pela experiência e confessado do desejo.
.
Perguntou-me:
.
– Se te dessem a oportunidade de voltar? Se fosse mesmo possível?
.
– Seria mais ou menos como no sonho… mas acho que me derramaria mais cedo.

Sem comentários: