.
Havia bares decadentes, tinham putas. Havia galerias de
arte, e gays. Havia restaurantes, e gente fancy. Havia costureiros, e todos.
Havia as modelos, paixões e desilusões. Havia os artistas, os músicos e alguns
jornalistas. Havia cocaína e a sida, festas privadas só pra gente gira, os
velhos pederastas e os gays vestindo a moda exclusiva dos eleitos, os penteados.
Havia passagens de modelos e alunos das Belas Artes. Havia o designa. Havia o pós-modernismo. Havia gente a marimbar-se para a política ainda em ressaca. Havia raridade e ruas
vazias. Havia perfumes inauditos. Em Madrid havia a «movida» e cá fazia-se por
isso, num bairro. Aí havia um bar com uma multidão à porta. Havia a Guida que
me deixava entrar, aos quinze e dezasseis anos. Havia o Alfredo à porta, cá
fora, e o Manuel lá dentro no seu bar. Havia tudo e as noites acabavam às
quatro da manhã, quando a polícia não ia lá chatear.
.
O que quero dos anos oitenta não é a música.
Sem comentários:
Enviar um comentário