digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

sexta-feira, dezembro 05, 2014

O 25 de Abril foi nos anos 80

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Havia bares decadentes, tinham putas. Havia galerias de arte, e gays. Havia restaurantes, e gente fancy. Havia costureiros, e todos. Havia as modelos, paixões e desilusões. Havia os artistas, os músicos e alguns jornalistas. Havia cocaína e a sida, festas privadas só pra gente gira, os velhos pederastas e os gays vestindo a moda exclusiva dos eleitos, os penteados. Havia passagens de modelos e alunos das Belas Artes. Havia o designa. Havia o pós-modernismo. Havia gente a marimbar-se para a política ainda em ressaca. Havia raridade e ruas vazias. Havia perfumes inauditos. Em Madrid havia a «movida» e cá fazia-se por isso, num bairro. Aí havia um bar com uma multidão à porta. Havia a Guida que me deixava entrar, aos quinze e dezasseis anos. Havia o Alfredo à porta, cá fora, e o Manuel lá dentro no seu bar. Havia tudo e as noites acabavam às quatro da manhã, quando a polícia não ia lá chatear.
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O que quero dos anos oitenta não é a música.

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