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O coração não é negro, é a minha alma. No fundo do poço, o
reflexo dos olhos tristes e do rosto que, se desenhado, se riscou à força de
raiva, a esferográfica. Mal se vê, porque a luz, porque a sombra, porque a
alma, porque os olhos.
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Afasto-me nos dias tristes e reparo na fragilidade do meu
corpo gordo, de ridículo gordo. Pairando descarnado penso em não voltar e
deixar o peso na cama e levar o peso comigo, para que ninguém mais saiba ou
veja ou sinta ou pressinta ou escute.
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Azul de reis e escarlate de cardeais e vivendo num preto e
branco de luz e sombra expressionistas.
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O manto de veludo pesado saciado na sede pelo sangue que a
adaga soltou, libertante.
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Contudo, fico, vou ficando, perduro, prolongo. Vida de tédio
e despréstimo. Treme-me a decisão, é golpe adiado. Golpe adiado é sobreviver a
golpe mal dado.
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Se o cão negro lhe jogasse o dente.
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