.
Há dias curtos e dias curvos, que têm o tamanho dos curtos.
Serão como uma bracelete que se põe no coração. Começam como acabam, tristes e
pacatos.
.
Bóio no grande tanque do tédio e da melancolia, onde ondas
lentas-pesadas mergulham-me como se fossem de água.
.
Não importa a mãe. Nem os amores. Não há amigos nem vícios nem
saudade nem passado nem futuro nem dinheiro.
.
Há um jardim fechado, desensolarado e sem sombras, de cores
lambidas pelo céu cinzento morno, sem brisa nem ânimo. Nesse jardim há o
tanque, o centro do mundo. Para lá, nada.
.
Não importa a mãe e o frio é desconsiderado, abstractamente
não existe. Fechado em mim, enrolando-me em espiral – se não tivesse espinha –
regresso ao ventre morno da mãe.
.
Da mãe, a melancolia dos olhos e os sorrisos suspensos. No
tanque, é esse o desejo. Ir e talvez voltar.
Sem comentários:
Enviar um comentário