digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

domingo, novembro 30, 2014

Deus, as ideias, a física teórica e a arte na cabeça de quem toma sete cafés por dia

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Estou cheio de ideias. Tantas que é melhor ficar quieto e esperar que saiam por falta de espaço. Entre feridas e orgasmos tenho tempo para mandriar, faltam condições para escrever o sustento da prosa, poesia, pintura, gastronomia, outros folguedos.
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Há tanta arte na construção como na desconstrução ou na destruição. Vale a pena começar do princípio? Sim, se for com os escombros como alicerces.
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– Oh, pá! Faz como quiseres e não me chateies. Quero lá saber. Tu sabes de ti e eu de mim. Provavelmente estou errado, mas não quero saber nem pensar nisso.
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Ler é uma chatice e já li demasiado, esqueci-me de quase tudo, pelo que ler não serve para nada. Prefiro ir para a leitaria dos senhores simpáticos e esperar as marés, beber seis ou sete cafés, encornar o psiquiatra; sou maluco e não posso beber mais do que um.
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Não sei onde vivo o tempo. Outro dia vi um documentário sobre o universo, coisas da física teórica, em que se pode ultrapassar a velocidade da luz através duns tubos, em que as pontas parecem bocas de corneta.
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Fiquei na mesma. Pode ser verdade, além dos universos paralelos ou do viajar para trás, matar o avô, casar com a mãe e não ter nascido.
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Toda a gente sabe – se não sabe, devia saber – que a velocidade de Deus é!
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– Ah! Não acredito em Deus! Nunca o vi!
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– Claro, ele passa sempre tão depressa! Dâh!...
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– Ah, não! Deus está em toda a parte!
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– Ai, sim?! Então por que o buscas?
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– Deus é tudo! As árvores, as pedras, os animaizinhos fofinhos!
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– Olha, tomamos café para a semana e metemos a conversa em dia.
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Não sei nada acerca de Deus, a minha cabecinha é pequenininha – sim, atafulhada de diminutivos – para o perceber. Ainda assim, a sua velocidade é.
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A vantagem dos computadores é que, se tivesse escrito este texto em papel, estava todo gatafunhado. Se o deitasse fora, estaria perdido. Como o escrevi no computador, posso refaze-lo, apagá-lo e ir buscá-lo ao caixote do lixo informático.
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Se o computador se partir, encho-me de fé, para que tenha arranjo, já que Deus não faz milagres. Fez as regras do universo e já não é coisa pouca.

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