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Estou cheio de ideias. Tantas que é melhor ficar quieto e
esperar que saiam por falta de espaço. Entre feridas e orgasmos tenho tempo
para mandriar, faltam condições para escrever o sustento da prosa, poesia, pintura,
gastronomia, outros folguedos.
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Há tanta arte na construção como na desconstrução ou na
destruição. Vale a pena começar do princípio? Sim, se for com os escombros como
alicerces.
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– Oh, pá! Faz como quiseres e não me chateies. Quero lá
saber. Tu sabes de ti e eu de mim. Provavelmente estou errado, mas não quero
saber nem pensar nisso.
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Ler é uma chatice e já li demasiado, esqueci-me de quase
tudo, pelo que ler não serve para nada. Prefiro ir para a leitaria dos senhores
simpáticos e esperar as marés, beber seis ou sete cafés, encornar o psiquiatra;
sou maluco e não posso beber mais do que um.
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Não sei onde vivo o tempo. Outro dia vi um documentário
sobre o universo, coisas da física teórica, em que se pode ultrapassar a
velocidade da luz através duns tubos, em que as pontas parecem bocas de
corneta.
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Fiquei na mesma. Pode ser verdade, além dos universos
paralelos ou do viajar para trás, matar o avô, casar com a mãe e não ter
nascido.
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Toda a gente sabe – se não sabe, devia saber – que a
velocidade de Deus é!
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– Ah! Não acredito em Deus! Nunca o vi!
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– Claro, ele passa sempre tão depressa! Dâh!...
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– Ah, não! Deus está em toda a parte!
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– Ai, sim?! Então por que o buscas?
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– Deus é tudo! As árvores, as pedras, os animaizinhos
fofinhos!
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– Olha, tomamos café para a semana e metemos a conversa em
dia.
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Não sei nada acerca de Deus, a minha cabecinha é
pequenininha – sim, atafulhada de diminutivos – para o perceber. Ainda assim, a
sua velocidade é.
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A vantagem dos computadores é que, se tivesse escrito este
texto em papel, estava todo gatafunhado. Se o deitasse fora, estaria perdido.
Como o escrevi no computador, posso refaze-lo, apagá-lo e ir buscá-lo ao
caixote do lixo informático.
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Se o computador se partir, encho-me de fé, para que tenha
arranjo, já que Deus não faz milagres. Fez as regras do universo e já não é
coisa pouca.
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