digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

quinta-feira, outubro 02, 2014

Nova Grande Loja Maçónica nasce em Portugal

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Fui convidado por três vezes para a Maçonaria. A cada convite respondi com um redondo «NÃO» e quase com uma gargalhada.
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Quem se lembraria de me convidar para a Maçonaria? Nem gosto de tijolos e as únicas coisas que construí foram castelos de areia na praia, mesmo assim com recurso a uma forma.
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Peço desculpa aos meus amigos maçons, cujo número total desconheço, mas essa coisa de cerimoniais, simbolismos estranhos, leituras densas para se poder fazer o exame de admissão lembra-me sempre um clube de adolescentes.
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Quem me conhece muito, pouco ou quase nada sabe que gosto do desconstrutivismo e do brutalismo. Penso que tais estilos arquitectónicos devam arrepiar os maçons.
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Todavia, de pedreiros só têm o nome. A Maçonaria foi sempre um clube de elites – raras excepções. Pedreiros porque foi a única guilda que os aceitou. No entanto, há quem sonhe com catedrais medievais, com a Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão – comummente conhecida por Ordem dos Templários – e até com os construtores das pirâmides do Egipto Antigo, erguidas no século XXVI antes de Cristo.
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Quanto a mim, a Maçonaria nunca teve nada a ver com pedreiros e buscou referências para uso simbólico quanto à construção dum mundo mais evoluído. Essa é matéria de debate com membros doutras organizações e nem me meto.
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Até reconheço que não entendo se os maçons acreditam em Deus. Lá têm o Grande Arquitecto, o que me soa a divindade. Se assim é nem sei por que embirram com eles e por que foram os maçons adversários de cristãos.
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Não percebo nada e sinceramente nem me apetece. Gostava de assistir a uns cerimonias, pelo carácter mágico que parecem encerrar. Reconheço que sinto pela Maçonaria – tal como outros grupos com rituais, simbolismos, formas de cumprimento, números, graus, títulos, adereços e vestimentas – o mesmo carácter adolescente.
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Para adolescência já basta a minha. Não resolvida em muitos aspectos, mas em relação a clubes identitários está satisfeita.
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É claro, que os veneráveis irmãos não andam a brincar. Todos sabemos da influência que têm e tiveram ao longo dos anos. Juro que não compreendo por que tanto é secreta como discreta… claro que é secreta, embora tenha irmãos discretos… alguns só lhes falta um letreiro luminoso a anunciar a militância.
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Todavia, acabo por ter uma nostalgia dum tempo que não tive, os anos que não pertenci à Maçonaria e que – nem tenho dúvidas – me valeria uma mais confortável vida económica.
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Com o devido respeito e atrevimento, apresento hoje a Grande Loja dos Enófilos de Portugal. É para levar a sério, porque o vinho é um exemplo do que se pode chamar de agricultura inteligente. O vinho sacia, inebria, é sagrado e profano.
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Espero que veneráveis lojas, com outras filosofias, entendam esta nova confraria. Porém, sei que seremos perseguidos pelo longo braço da lei, nomeadamente nas operações stop e teste de alcoolemia.
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Espero contactos para novos membros para o templo, a Grande Adega Lusitana. Como sou modesto e nestas coisas de Maçonaria há que haver respeito, embora irmão fundador, adopto o número 0,75. O grupo pode ser aberto ou fechado e os irmãos podem embebedar-se em segredo, às escondidas em locais públicos.
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Quanto aos graus, os irmãos aprendizes têm diferentes títulos, mas não lhes é atribuído qualquer numeração, ostentando apenas uma imagem gráfica alusiva à sua categoria. A Grande Adega Lusitana tem dois irmãos com funções de chefia, cuja numeração é de cinco centenas para o Mestre e de dez centenas para o Grão Mestre.
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Os títulos são os seguintes e por ordem crescente: Porta enxertos, Vide, Uva, Mosto, Depósito de Inox, Barrica de Quarto Ano, Barrica de Terceiro Ano, Barrica de Segundo Ano, Barrica de Primeiro Ano, Copo de Três, Cálice, Meia Garrafa (0,375), Meio Litro (0,50), Garrafa (0,75), Litrosa (1), Magnum (1,5), Jeroboam (3), Réhoboam (4,5), Matusalém (6), Salmanazar (9), Baltazar (12), Nabucodonosor (15), Solomon (18), Sovereign (26), Primacy (27), Adegueiro (500) e Enólogo (100). Veneráveis Irmãos que não tiveram funções específicas usam o título de Vinhas Velhas. Antigos Mestres ostentam, conforme a antiguidade, os títulos de Ânfora e Talha.
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O grande momento cerimonial acontece no Dia de São Martinho e consiste numa bebedeira que, pelas dimensões, oblitera a consciência e a memória, pelo que será sempre secreta.
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Além de Mestre, existem as funções – não títulos – de Pipa, Barril, Balseiro, Tonel e Depósito Tronco-Cónico.

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