digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

domingo, outubro 05, 2014

Manifestação estética acerca do 5 de Outubro

Hino da Carta – Música de Estado até 5 de Outubro de 1910.
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Dom Pedro de Alcântara foi muita coisa e preferiu ser «coisa nenhuma». Foi o Imperador do Brasil, embora o seu pai, Dom João VI já o tivesse usado como honraria. Aí reinou de 10 de Março de 1822 (data do falecimento de seu pai) até 7 de Abril de 1831, quando abdicou a favor de seu filho, que viria a ser Pedro II do Brasil.
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Armas do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves.
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Armas do Império do Brasil.
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De convicções liberais, cruzou o Atlântico para defender o direito da sua filha, que seria Dona Maria II, em herdar o Reino de Portugal. Reinou de 10 de Março de 1826 a 20 de Maio de 1826, após a derrota de Dom Miguel, seu irmão e usurpador. Tornou-se regente até 1834, quando o golpista assumiu a derrota. A 26 de Maio de 1834 Dona Maria torna-se a segunda monarca a usar o nome da mãe de Jesus.
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Em 1826, Dom Pedro escreveu o poema e a música do Hino de Portugal, que estaria em vigor até 5 de Outubro de 1910.
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Com a sucessão resolvida, quis ser apenas Dom Pedro de Alcântara. Duas vezes recusou avançar para ser Rei de Espanha, numa até subiram a parada para o título de Imperador. Recém libertados da ocupação otomana, o primeiro nome que os gregos se lembraram para reinar foi o de Dom Pedro, que não aceitou.
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Hoje é 5 de Outubro, data duplamente histórica:
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Em 1143, na Conferência de Zamora, o Rei Dom Afonso VII de Castela (Afonso VII de Leão e Imperador da Hispânia) reconhece a independência de Portugal, tendo-se assinado o Tratado de Zamora.
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A 5 de Outubro de 1910 foi implantada a República em Portugal.
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Não irei argumentar e contra-argumentar acerca das vantagens e desvantagens de cada regime, nomeadamente tendo em conta a forma como é chefiado, se com carácter governativo ou de política discreta de bastidores.
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Importa apenas que o «Hino da Carta» é mais bonito, em poema e música, do que o «A Portuguesa». Importa que a bandeira nacional que vigorou até 114 anos era muitíssimo mais elegante e bela do que «a coisa» escolhida na Primeira República.
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Nota: A data da independência de Portugal não é consensual, uma vez que Dom Afonso Henriques assumiu, em 1128, a liderança do território, sem autorização do seu suserano, na sequência da Batalha de São Mamede, que ocorreu a 24 de Junho desse ano. Outra data surge, no dia de Pentecostes de 1125 armou-se cavaleiro a si próprio, à moda dos Reis germanos. A idade rondaria os 16 anos (a data de nascimento é incerta).
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Poema do Hino da Carta:
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I
Ó Pátria, Ó Rei, Ó Povo,
Ama a tua Religião
Observa e guarda sempre
Divinal Constituição

(Coro)
Viva, viva, viva ó Rei
Viva a Santa Religião
Vivam Lusos valorosos
A feliz Constituição
A feliz Constituição

II
Ó com quanto desafogo
Na comum agitação
Dá vigor às almas todas
Divinal Constituição

(Coro)
Viva, viva, viva ó Rei
Viva a Santa Religião
Vivam Lusos valorosos
A feliz Constituição
A feliz Constituição

III
Venturosos nós seremos
Em perfeita união
Tendo sempre em vista todos
Divinal Constituição

(Coro)
Viva, viva, viva ó Rei
Viva a Santa Religião
Vivam Lusos valorosos
A feliz Constituição
A feliz Constituição

IV
A verdade não se ofusca
O Rei não se engana, não,
Proclamemos Portugueses
Divinal Constituição

(Coro)
Viva, viva, viva ó Rei
Viva a Santa Religião
Vivam Lusos valorosos
A feliz Constituição
A feliz Constituição

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