digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

quarta-feira, setembro 24, 2014

O meu coração bate triste pela Escócia

«The Flower of Scotland» – hino informal do país, pois não existe uma música oficial que simbolize a nação.
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As nações pertencem ao seu povo. Há momentos únicos na História em que se têm de tomar opções. A família escocesa decidiu, a 18 de Setembro, manter-se unida a Inglaterra, Gales e Irlanda do Norte.
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Representação heráldica da flor do cardo, que simboliza a Escócia.
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A decisão é soberana. Fosse qual fosse o resultado, haveria gente em lágrimas, por felicidade ou por tristeza. Não é o fim da Escócia, não é o fim da História nem o fim do mundo.
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Mas o resultado deixa questões em aberto. Entre elas sobressai a interrogação acerca do olhar que os escoceses, que votaram pela manutenção da união, farão quando se depararem com uma pintura ou uma escultura dum escocês que lutou pela independência do país.
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Sentirá um unionista das Terras Altas a presença do fantasma de William Wallace? Terá um arrepio de dor ou um remorso ou pensará que se pode venerar um herói e o seu inimigo?
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Julgamento de William Wallace em Westminster.
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Os tempos mudaram, é certo. Mas quem deu a vida pela Escócia independente não é compatível no mesmo altar dum unionista do século XXI. Nela não cabe Roberto I, Bruce de apelido normando, tirado da vila de Brix, na Normandia.
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Estátua de homenagem ao Rei Roberto I  The Bruce, evocativa da Batalha de Bannockburn (1314).

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Que bem ou que mal faz Inglaterra à Escócia?... Não sei, os escoceses escolheram. Mas sei quem manda. Veja-se como o Reino Unido se mostra simbolicamente. As armas sobrelevam os três leopardos de Inglaterra e apenas na Escócia há uma inversão das posições. É significativa da voz do mando.
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Armas do Reino Unido em todo o mundo.
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Armas do Reino Unido na Escócia.
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Os escoceses escolheram permanecer num país que, desde 1707, apenas teve sete escoceses a chefiar o governo da união.
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Muitos dos argumentos pelo «Não» basearam-se na economia. É natural, ninguém vive do ar. Havia a questão a quem as petrolíferas deverão pagar a maior área petrolífera da Europa ocidental, se a Londres, onde têm a sede, os se a Edimburgo, que tutela as águas onde ficam as plataformas. O mesmo com o sector financeiro e com o whisky.
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Não sou escocês mas enamorei-me pelo país. Imagino que dor de William Wallace, Andrew de Moray, Robert The Bruce, «The Black Douglas», do bispo Robert Wishart, do Rei Jaime IV, de Maria Rainha dos Escoceses, do conde de Montrose, de Bonnie Dundee, do lorde George Murray, de Rob Roy, do príncipe Carlos (Stewart), de Flora MacDonald, de Roderick MacKenzie, de Robert Burns e das gerações de multidões anónimas de escoceses patriotas.
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Tudo questões económicas, favoráveis à manutenção à união, são pertinentes e válidas. E aqui remeto a questão aos portugueses que simpatizaram com o «Não» escocês à independência… os portugueses não ganhariam em ser parte de Espanha?
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Os fantasmas do conde Andeiro (Juan Fernández Andeiro, segundo conde de Ourém, morto pela espada do futuro Rei João I) e Miguel de Vasconcelos e Brito (baleado e defenestrado) sorriem pelas ruas de Lisboa.
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Morte do Conde Andeiro pela espada de Dom João, mestre da Ordem de Avis.
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Celebração pela morte de Miguel de Vasconcelos, secretário de Estado da duquesa de Mântua, vice-Rainha de Portugal.


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