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Escrevi demasiadas cartas. Se as juntasse todas teria uma só
carta e muitas palavras repetidas. Lanceto e limpo. Nelas
falo de amor e das saudades que levo e deixo. Confissões repetidas e um rol de
coisas para fazer. Linhas de deve e de haver onde escrevo o que me fez chorar.
Linhas do pouco bem que fiz e em que peço perdão pelos erros. O coração é uma
esponja que se ensopa de lágrimas. Apertando-o não escorrem as dores. Peço que a última dor que
deixo seja o meu beijo para a felicidade. Rezo para ir depressa e coragem para
fazer a mala e abrir a porta e sair, fechando a vida à chave e atirando-a para
um inalcançável esconderijo. Não peço para morrer, rezo para que desexista e nunca
torne a nascer.
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